No passado, quando fundei a ADEGA DE SAKE na Liberdade, um cliente me perguntou se eu era da Maçonaria, pois havia um “triângulo” na logo da loja.
Não levei muito a sério pois os livros de Dan Brown estavam à solta e imaginei que deveria ter saído daí. Se bem que a Maçonaria está na Liberdade.
Mas não é.
Aproveitei que não segui a carreira de Designer e usei os meus conhecimentos para criar para mim. Na verdade é o telhado de um KURÁ 蔵 que ao longo do tempo, a discreta casa que ficam nas mansões e palácios japoneses ganharam várias finalidades.
Feita de terra e gesso, a espessura da parede tem cerca de 30 cm e nem os terremotos e incêndios derrubam. Sua porta é mais grossa tendo seus 45 cm e um peso descomunal. Tem uma trinca e cadeado, mas nem precisa. Abrir a porta é impossível. Tanto que permanece aberta e usam a porta interna de correr. Ali sim, tem o cadeado.
No seu interior, que tem uma temperatura estável, fria e sem umidade, são guardados tesouros da família, artesanatos, vasos, espadas, lanças, quadros, pergaminhos, etc. Tudo que é de valor fica aqui. Por isso, inicialmente eram Cofres.
Com o tempo, aproveitando que no seu interior a temperatura é mais fresca principalmente no verão, tonéis de Tsukemonos (Conservas), Jarras de Sakes de 3,6 Litros eram guardados.
Vendo isso, muitas fábricas de sakes adoraram a ideia da estabilidade térmica e passaram a adotar este tipo de edifício para a fermentação e maturação.
A aparição desse tipo de arquitetura não é antiga. Em registros de 1601 foi notado uma construção firma que nada o derrubava principalmente os frequentes incêndios, já que tudo era de madeira. Castelos também adotaram esse tipo de material.
Assim surgiram as SAKAGURAs 酒蔵 onde muitos Sakes dentro de tonéis de cedro, descansavam. Por isso, ganhou mais uma função de ADEGA.
Nos dias de hoje, ainda esse tipo de construção resiste nas cidade de Kitakata em Fukushima e Kawagoe em Saitama, que são os principais. Claro que várias cidades japonesas tem seus Kurás e são lindos.
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