Uma coisa que fico bem incomodado é ouvir: “Não sei como consegue comer isso.” Olha, acho que todos tem o seu gosto, seus costumes e sua vivência. Tem muitos que consomem um produto por status, porque está na moda ou porque realmente gosta.
O inverso também acontece e devemos respeitar a opinião do outro. Não gosta de salmão, ok, guarde para você. Não curte fast food, tá bom. Ninguém está apontando uma arma na sua cabeça para comer.
E se oferecerem algo que você não curte, diga que não aprecia. Eu por exemplo não gosto de coisas que não consigo mastigar ou algo com textura pegajosa. Não gosto de Nattô, Cará ralado, quiabo, Uni, pratos com espuma. Mas não faço cara feia, cara de nojo nem nada. Muito pelo contrário, tem amigos que se sentam ao meu lado no balcão para filar aquele Uni fresco.
Uma vez, quando tinha a cozinha na Liberdade, um senhor ocidental e sua filha estavam olhando a nossa vitrine. O pai todo curioso e querendo experimentar tudo. Agora a filha de uns 17 anos com uma cara de quem ia vomitar soltou:
“Nossa, não sei como vocês comem essas nojeiras. Meu Deus! Que coisa nojenta.”
O pai olhou para a filha e: “Tem quem goste, ora.”
Eu apesar de ser famoso por escrever tanto palavrão no Twitter na época, fiquei quieto.
Então uma freguesa gordinha e cabelo curto e grisalho que estava na loja, chegou perto da moça, olhou na cara e abre um sorriso:
“Olha, meu bem. Garanto que já deve ter colocado coisas mais nojentas nesta sua boquinha linda, que não possa contar para os seus pais, né?.”
A moça ficou sem reação.
Novamente o pai olha para a filha e: “Bem feito.”
Então fique de boa. Cada um que aprecie o que desejar. Não gosta, diga que não quer. E se gosta de algo, não seja chato insistindo para o outro comer.
Só achei que precisava falar sobre isso. Nada demais.
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