Uma prática bem comum entre os cozinheiros do Washoku é buscar inspirações em outros setores da vida. O tanto que já conheci de Itamaes que praticam uma infinidade de coisas fora da cozinha, perguntei o que a atividade ajudou na cozinha.
Itamae que faz IKEBANA - “Aprendi a equilibrar as cores dos ingredientes, ornar o Moritsukê, saber escolher as louças.”
Itamae que fez CHADÔ (Cerimônia do Chá) - “Controle emocional. Se você está nervoso, seus movimentos para misturar o pó na água quente, fica mais agressivo e forma muita espuma, deixando o sabor confuso e desequilibrado. Se você está desanimado, o chá fica aguado. O Chadô é a tradução da sua mente através do corpo.
Itamae que faz ORIGAMI - “Parece coisa de criança, mas para mim é uma terapia. Um simples erro de milímetros, todo o resultado pode ser comprometido. Então isso faz com que eu não menospreze um único detalhe. E isso começa na limpeza. Se a panela não estiver bem lavada, meu prato fica ruim. Então cheiro cada utensílio antes de usar.
No passado, visitei uma cozinha de Ramen, com o Chefe me escoltando, me aproximei de um cozinheiro que estava refogando os legumes e verduras em várias panelas de wok. Vi os movimentos de NABE FURI (Virar os ingredientes só com a panela), alinhado e harmonioso e reparei que só o pulso se mexia bem e o resto do corpo mais parado. Então:
“Me desculpe te atrapalhar. Você pratica Kendô.”
Tanto o cozinheiro quanto o Chefe, ambos olharam para a minha cara.
“ÔH, como descobriu isso.” pergunta o chefe cruzando os braços.
“Reparei no movimento do pulso dele, na hora de virar. Na descida é lento e na subida vem com força. Tudo bem que no Kendô é invertido, mas o raciocínio é o mesmo. Faz com que o golpe fique preciso e forte."
“Mesmo assim. Um leigo, não percebe isso. Como sabe disso.”
“Treinei Kendô no Brasil por 11 anos.”
Ou seja, nunca sabemos de onde vem a inspiração, quais práticas da vida podem ajudar no seu trabalho. É só ficar atento aos detalhes e otimizar tudo.
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