Há exatos 32 anos, eu estava na cidade de Toronto no Canadá, completando os meus 16 anos, que também é a data de hoje.
Nesta foto, estava a caminho de um dos dias mais tensos da minha vida. Meu primeiro campeonato mundial de Kendô. Quem tirou esta foto foi o @williamshuheifujikura que eu dividia a quarto no alojamento universitário.
Antes da partida para o Canadá, Seo Iida tinha dito: “Você já fez tudo que podia fazer. Agora tira da cabeça essa coisa de vencer. Muitas vezes, quando você quer muito uma coisa, acaba não chegando. Aproveite a viagem e conheça um país diferente.”
Óbvio que passei pelo horror das concentrações, treinar com kimonos que não seca, gelados e pesados, combates que nunca terminavam. Claro que meu objetivo era ganhar o maior número de lutas.
O destino acho que estava de bom humor e deixou eu ganhar um punhado. Fui vencendo e 5 lutas depois, tinha um havaino que tinha um KAMAE 構え que vinha de GUEDAN 下段, quando a posição da espada está na altura do joelho.
O meu mestre Jorge Kishikawa, meu sensei no Saga Kendô e da seleção brasileira, me chamou e: “Tatsuya, você vai pegar esse havaiano na próxima. Assiste a luta. Olha de onde tá vindo o Shinai. Não pode avançar de qualquer jeito.”
Minha mãe quando viu esta foto com o sensei: “Nossa, você deixou o sensei segurar o porta-shinai?” Sim, servir o sensei era a nossa tarefa. Mas nas quartas de finais, nem eu nem o sensei pensaram em protocolos.
Venci e fui para a final com o dono da casa, filho do presidente da Federação de Kendô do Canadá. O Adegão que ama situações gostosas como essa, passou os longos 10 anos compactados numa luta de 3 min, ganhei de 1 ponto com o golpe na cabeça. Tamanho impulso que fui parar na mesa dos juízes e derrubei algumas coisinhas.
Venci o campeonato e mostrei que o Brasil tem um Kendô tradicional e com mestres de primeira.
Que saudade da minha barriga tanquinho… Feliz aniversário Adegão.
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