Dentro do KAISEKI RYOURI, tem um prato chamado AEMONO 和え物. Simplesmente é pegar dois ou mais ingredientes e "misturar". O verbo "Aeru" é "Misturar. Vegetais e proteínas animais, legumes e verduras, mar e terra, etc.
E esse prato me lembrou de um episódio no @aizomerestaurante jantando no balcão com o presidente de uma empresa japonesa em SP e ele estava desabafando:
"Iida-san, não sei mais o que eu faço. Antes de chegar no Brasil, estudei e treinei ao máximo para conseguir me entrosar com os brasileiros. Aperto de mão com força, dar 2 beijos no rosto, tem que falar assim, gesticular assim. Até de frente pro espelho fiquei. Só que ao chegar foi um show de constrangimento. Até me cumprimentam por educação, mas vejo que o meu pessoal não está à vontade. O que será que estou fazendo de errado? Você chegou pra chef aqui, beijou e abraçou e vejo que é mútuo. Será que estou fazendo errado?"
Eu: "Então Shachô, eu nasci no Brasil e convivo com o brasileiros faz 40 anos. Todo esse costume já está dentro de mim. O senhor mal fala o português e o seu pessoal te encara como estrangeiro ainda. Eles que treinaram para te atender no formato japonês, já que sua empresa é do Japão. E o senhor é o presidente. Só nisso, já se cria uma distância. Vai chegar um dia que eles vão se acostumando, o senhor vai conhecendo o pessoal e naturalmente vão se entrosando. Só que tudo tem um limite. O senhor não vai virar um brasileiro e eles não vão se transformar em japoneses. Aí que um precisa respeitar o perfil do outro e criar uma harmonia."
E olhei o AEOMONO, um Sunomono na nossa frente.
"Shachô, é como esse Aemono. Tem esse polvo que é do mar, Wakamê é do mar. O gengibre e o pepino que é da terra. Precisa temperar e deixar curtido até que fique saboroso. Aí, o conjunto todo fica bom. Só que mesmo o maior chef do mundo, não vai transformar o Polvo num Pepino."
Ele ficou felizão e bebemos até cair.
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